Graffiti. O elemento que visa revitalizar áreas vulneráveis e expandir cultura e educação na cidade de Mauá
Postado
29/08/2020 22H03

Por: Ivan Araujo.
Podemos dizer que o Homem é um artista por natureza. Desde o tempo das cavernas, já havia reproduções em paredes. Desenhos que deixaram marcados na história povos, animais hoje extintos, a vivência da época. No império romano também se encontravam inscrições nas paredes. Do italiano 'Grafito' ou 'sgrafito', que significa arranhado, rabiscado, o Graffiti ganhou forças no final dos anos 1960, na cidade de Nova York, nos Estados Unidos e também eram utilizadas para trocas de mensagens entre gangues rivais.
Com uma forte ligação com Hip Hop, esta arte tem como base
uma reflexão sobre o cotidiano das ruas. Já no final dos anos 1970, chega ao
Brasil e ganha força, dando posição de destaque a muitos artistas pelo mundo a
fora. No exterior, o inglês Banksy, Kurt Wenner, dos Estados Unidos, o escocês
Smug são alguns nomes famosos pela arte e entre eles, tem os brasileiros Kobra,
Osgemeos, Vespa, Anarkia Boladona e outros tantos nomes saíram dos guetos para
deixar suas ‘tags’ marcadas na história.
Quem não conhece o Beco do Batman, ali
na Vila Madalena, em São Paulo? Um verdadeiro celeiro artístico. Para ser mais
específico, um celeiro de artes expressadas através de graffites.
O "Projeto Vielas Vivas" acontece em Mauá e tem a
idéia de fazer do graffitti, uma arma para dar mais vida às vielas e escadões
nos bairros da cidade. Por onde não havia cor, um grupo de amigos e parceiros,
resolveram levar arte a esses lugares, além de abrir espaço para que artistas
mostrem seus trabalhos. “Até o momento, na região de Mauá conseguimos executar
quatro ações. Na região do Jardim Itapark, onde os moradores cederam os muros
de suas casas.
Na Rua Safira, Viela da Lage, no Depósito Fênix, no Itapark velho. Também na ponte da Rua São Paulo, na Vila São Francisco e também em um Estacionamento no centro de São Caetano do Sul”, diz Bonnie Cintia, grafiteira e líder do projeto. E a agenda continua. “Domingo agora estarei em Diadema juntamente com minhas manas, para o evento GRAPIXURRAS DAS MINAS, onde levarei a bandeira do projeto Vielas Vivas mais uma vez”, completa a artista.

(Trabalho realizado no Jardim Itapark, em Mauá. Foto:
Reprodução)
Além da função de colorir esses espaços, a intenção é
mostrar aos moradores locais (e ao mundo) que o graffiti pode ser usado na
educação e construção do caráter da pessoa que o pratica, “promover
manifestações artísticas e culturais, além de incentivar a continuidade das
expressões arte visuais dos jovens das comunidades carentes de Mauá”, diz
Bonnie Cintia.
Levar para dentro das escolas como forma de interação entre
moradores, educadores, alunos e artistas profissionais. A Escola Estadual Maria
Cecília Pântano, no Jardim Itapark, corre junto com projeto de revitalização.
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São Paulo
O trabalho visa ainda cobrar as autoridades sobre melhores
condições dessas ruas, vielas, becos e escadarias da cidade. “Cobrar as autoridades
para que as pessoas especiais, portadoras de deficiência e idosos
através de acesso a corrimãos, e calçamento adequado com rampa.
A instalação de
lixeiras recicláveis e coletivas, reparar e restaurar áreas urbanas”, comenta
Michel Preto Zika, linha de frente do projeto.
Diante do momento pandêmico em que vivemos, “os desenhos,
personagens, ilustrações e letras trarão reflexões sobre o tema”, diz Celso
Xavier, o Poeta, um dos diretores do projeto. “Baseado no momento atual, a
proposta do “Vielas Vivas” é vinculada à conscientização por conta da Covid 19,
mas também, temas como esportes, lazer, cultura, educação e cidadania. Trata-se
da continuidade e da participação dos jovens na construção da arte.
Pretendemos
também realizar oficinas na instituição de ensino parceira”, completa Celso.
Muitos tratam o graffiti como a arte que realmente é.
A forma
de expressão da cultura urbana, mas alguns consideram vandalismo e muito se
compara à pichação. O fato é que não tem como negar que por onde tem arte, a
vida é bem melhor.
O Projeto Vielas Vivas conta com: Michel Preto Zika, Bonnie
Cintia, Katia Cristina de Oliveira, Ricardo Pontes Magrelo, Poeta Xavier ,
Édelyn, Wellington Davi (TOM), Caio, Cleber da G5 som, Gustavo Bermudes, Jonatha,
Maurício Gordão, Menor da Ck, Ojan Cara Preta Records e Pena.
Por: Ivan Araujo.
Categoria:Coluna do Gueto por Ivan Araújo