Graffiti. O elemento que visa revitalizar áreas vulneráveis e expandir cultura e educação na cidade de Mauá

 Por: Ivan Araujo.
Podemos dizer que o Homem é um artista por natureza. Desde o tempo das cavernas, já havia reproduções em paredes. Desenhos que deixaram marcados na história povos, animais hoje extintos, a vivência da época. No império romano também se encontravam inscrições nas paredes. Do italiano 'Grafito' ou 'sgrafito', que significa arranhado, rabiscado, o Graffiti ganhou forças no final dos anos 1960, na cidade de Nova York, nos Estados Unidos e também eram utilizadas para trocas de mensagens entre gangues rivais. 

Com uma forte ligação com Hip Hop, esta arte tem como base uma reflexão sobre o cotidiano das ruas. Já no final dos anos 1970, chega ao Brasil e ganha força, dando posição de destaque a muitos artistas pelo mundo a fora. No exterior, o inglês Banksy, Kurt Wenner, dos Estados Unidos, o escocês Smug são alguns nomes famosos pela arte e entre eles, tem os brasileiros Kobra, Osgemeos, Vespa, Anarkia Boladona e outros tantos nomes saíram dos guetos para deixar suas ‘tags’ marcadas na história.

Quem não conhece o Beco do Batman, ali na Vila Madalena, em São Paulo? Um verdadeiro celeiro artístico. Para ser mais específico, um celeiro de artes expressadas através de graffites.

O "Projeto Vielas Vivas" acontece em Mauá e tem a idéia de fazer do graffitti, uma arma para dar mais vida às vielas e escadões nos bairros da cidade. Por onde não havia cor, um grupo de amigos e parceiros, resolveram levar arte a esses lugares, além de abrir espaço para que artistas mostrem seus trabalhos. “Até o momento, na região de Mauá conseguimos executar quatro ações. Na região do Jardim Itapark, onde os moradores cederam os muros de suas casas.
Na Rua Safira, Viela da Lage, no Depósito Fênix,  no Itapark velho. Também na ponte da Rua São Paulo, na Vila São Francisco e também em um Estacionamento no centro de São Caetano do Sul”, diz Bonnie Cintia, grafiteira e líder do projeto. E a agenda continua. “Domingo agora estarei em Diadema juntamente com minhas manas, para o evento GRAPIXURRAS DAS MINAS, onde levarei a bandeira do projeto Vielas Vivas mais uma vez”, completa a artista.   


(Trabalho realizado no Jardim Itapark, em Mauá. Foto: Reprodução)
 Além da função de colorir esses espaços, a intenção é mostrar aos moradores locais (e ao mundo) que o graffiti pode ser usado na educação e construção do caráter da pessoa que o pratica, “promover manifestações artísticas e culturais, além de incentivar a continuidade das expressões arte visuais dos jovens das comunidades carentes de Mauá”, diz Bonnie Cintia.
Levar para dentro das escolas como forma de interação entre moradores, educadores, alunos e artistas profissionais. A Escola Estadual Maria Cecília Pântano, no Jardim Itapark, corre junto com projeto de revitalização.
 
 
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O trabalho visa ainda cobrar as autoridades sobre melhores condições dessas ruas, vielas, becos e escadarias da cidade. “Cobrar as autoridades para que as pessoas especiais, portadoras de deficiência e idosos através de acesso a corrimãos, e calçamento adequado com rampa.
A instalação de lixeiras recicláveis e coletivas, reparar e restaurar áreas urbanas”, comenta Michel Preto Zika, linha de frente do projeto.
Diante do momento pandêmico em que vivemos, “os desenhos, personagens, ilustrações e letras trarão reflexões sobre o tema”, diz Celso Xavier, o Poeta, um dos diretores do projeto. “Baseado no momento atual, a proposta do “Vielas Vivas” é vinculada à conscientização por conta da Covid 19, mas também, temas como esportes, lazer, cultura, educação e cidadania. Trata-se da continuidade e da participação dos jovens na construção da arte.
Pretendemos também realizar oficinas na instituição de ensino parceira”, completa Celso.
Muitos tratam o graffiti como a arte que realmente é.
A forma de expressão da cultura urbana, mas alguns consideram vandalismo e muito se compara à pichação. O fato é que não tem como negar que por onde tem arte, a vida é bem melhor.  
O Projeto Vielas Vivas conta com: Michel Preto Zika, Bonnie Cintia, Katia Cristina de Oliveira, Ricardo Pontes Magrelo, Poeta Xavier , Édelyn, Wellington Davi (TOM), Caio, Cleber da G5 som, Gustavo Bermudes, Jonatha, Maurício Gordão, Menor da Ck, Ojan Cara Preta Records e Pena.

Por: Ivan Araujo.

Categoria:Coluna do Gueto por Ivan Araújo

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