Considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, a capoeira se mantém viva na zona norte de São Paulo.
Luta ou dança? Essa pergunta sempre rola quando o assunto é
capoeira. A resposta que mais circula, é a que diz ser uma luta disfarçada de
dança. Essa arte, que surgiu no Brasil ainda na época da escravidão, era
utilizada para autodefesa dos negros vindos da África. Mas também, era uma
dança quando as autoridades chegavam. Sua prática chegou a ser proibida, até
que na década de 1930, foi liberada novamente pelo então presidente Getúlio
Vargas, fazendo com que os grandes mestres Bimba, Pastinha e Gato, pudessem
colocar a capoeira na história do Brasil de uma vez por todas.
No bairro do Horto Florestal, zona norte de São Paulo, o
Grupo Baraká Capoeira, fundado em 1999, mantém o legado histórico do século 18.
"O foco inicial do projeto foi a questão social. A gente tem segmentos na
Vila Maria, na Favela do Marconi, Morro Doce e também na zona oeste, na São
Remo", diz Mestre Aurélio Baraká. A intenção é expandir o trabalho.
"Estamos aguardando a aprovação de um projeto para que possamos ampliar e
trazer mais pessoas do entorno do Horto, dando preferência às crianças e
pré-adolescentes que moram na periferia e possam vir treinar também",
completa.
Veja também: Projetos regionais fazem a diferença durante
pandemia
Veja também: O poder da arte e cultura na periferia
No período de sua proibição, de 1890 a 1930, os capoeiras,
como eram chamados na época, eram perseguidos e sofriam severas punições quando
eram vistos praticando a arte. Isso porque eram tratados como marginais. O
Mestre Aurélio fala sobre a função da capoeira na vida das pessoas.
"Quando a gente eleva o nome da capoeira e leva para o mundo inteiro,
mesmo que seja de forma artística ou de luta, a gente mantém vivo todo um
legado, toda uma história. Quando bem posicionada, ela eleva a potencialidade
das pessoas. Aos poucos, as pessoas vão acendendo socialmente, mas a gente
precisa oportunizar para que todos tenham os acessos de conhecimento, para
assim poder fazer um bom uso da arte.” Quando perguntado sobre a dúvida se é
luta ou dança, Aurélio é simples e objetivo. “Arma de libertação camuflada, expressão
de dança como forma de artimanha.”
O fato é que todo o gingado e malemolência da capoeira, seja a Regional ou Angola, continuam se fazendo presente e crescendo cada vez mais pelo mundo. Estima-se que aproximadamente, seis milhões de pessoas praticam a arte que é considerada Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pela UNESCO. Com seus mestres e contramestres levando o respeito e a disciplina aos seus discípulos, a capoeira é um motivo de orgulho ao país.
Foto: Reprodução / Grupo Baraká Capoeira
Matéria: Por Ivan Araújo